sábado, 16 de maio de 2015

PORQUE ALGUMAS BANDAS DE ROCK COM TEMÁTICA CRISTÃ EVITAM O TÍTULO "BANDA CRISTÃ"?

   

   Nessa matéria vamos tentar entender as causas de alguns conflitos que até hoje ocorrem dentro da cena rock. O porque do fato de algumas bandas cristãs evitarem o título "Rock Cristão" "White Metal", "White Punk", etc. e optarem pela frase "eu sou cristão, mas minha banda não é".
   Há anos se discute se o rock veio do meio cristão e depois se espalhou para o meio secular, devido o rock ter vindo do blues, que por sua vez surgiu dentro das igrejas protestantes frequentadas por negros nos Estados Unidos da América, alguns anos antes de se tornar conhecido mundialmente através de Elvis Presley, que por sinal era cristão, ou se é um estilo que surgiu já no meio das bandas não-cristãs.
   Essa historia se arrasta até hoje onde algumas bandas não-cristãs se apossaram do estilo e tentam excluir bandas cristãs da cena, boicotando shows e não aceitando dividir palco com as mesmas.
    Com o decorre dos anos percebemos muitas bandas com temática cristã, formadas por membros cristãos evitarem se auto-definirem como "banda cristã", aconteceu recentemente com a banda Stryper, e ocorre bastante com bandas da cena underground nacional, por alguns motivos que vamos abordar agora.
   E por ser um assunto as vezes polêmico porque diz respeito a muitas bandas, fomos atrás de respostas para tal acontecimento, com pessoas que tem anos de estrada e bastante experiencia para nos orientar.
    Qual será o motivo? Até onde pode ajudar ou atrapalhar com relação ao evangelismo o fato da banda não deixar bem claro sua filosofia? As bandas cristãs tem se preparado para encarar o evangelismo dentro do meio secular? Porque existe ainda tanta rejeição por parte das bandas seculares com relação as bandas cristãs? São questões que levantaremos a seguir.
    Conversamos com dois lideres de bandas:
    Um do estilo metal extremo, da banda Zurisadai, Andryson Khabod  (Baixo e vocal) com anos de experiência dentro da cena metal do estado do Maranhão, também produtor de eventos na cidade de São Luiz/MA.


     Outro da Estado de São Paulo, que sempre nos ajuda aqui no blog quando precisamos. Vocalista da banda de punk rock No More Zombies, além de produtor com um selo independente chamado "Cristo Suburbano", produziu o documentário "Cristo Suburbano" e coletânea, alguns outros projetos como o Blog Cristo Suburbano, também com anos de experiencia dentro da cena. Seu nome é Eduardo A. Teixeira.



Ambos tem muito a nos fornecer de informação devido sua vivencia dentro da cena. Veremos opiniões de dois pontos de vista; do metal e do punk rock, portanto poderemos ter discordâncias sobre o mesmo assunto, algo muito natural devido o metal e o punk serem estilos bastante distintos, com personalidades diferentes, cada um com suas características peculiares  e com isso conviveram com pessoas cada um de seu estilo, o que torna isso mais interessante!
Leremos separadamente as entrevistas que fizemos com eles, começando com Eduardo A. Teixeira em seguida a opinião de Andryson Khabod a respeito do assunto:

Pregador Zine: Existe diferença entre o rock cristão e o secular ou tudo é rock e apenas as bandas tocam e falam o que vivem?

Eduardo A. Teixeira: Cara, eu faço parte dos que se opõem a ideia de que são cristãos, cantam músicas sobre Deus e Jesus, mas falam que sua banda é como qualquer outra. Se for levar pro rock, tudo é rock, mas a nível de propósito, não. Há 20 anos atrás, fui alcançado pelo pessoal que dizia que existia rock para Deus, e um dia de madrugada, curioso, fui assistir, tinha vida loca!, Fui ouvir na 920 AM, que era a rádio da renascer de madrugada.
Então, quem fica se camuflando pra fazer "pegadinha do malandro", não tem parte com Deus, nisso sou radical. Aqui, (São Paulo), conheci duas bandas que viraram ateístas depois que começaram a entrar nessas ideias, resultado? A banda acabou mal, drogas, reabilitação, comunismo e outros lixos!

Pregador Zine: O que você acha que leva a banda a fazer isso, esconder ou, simplesmente não se definir, apesar de estar bem claro nas letras que se trata de uma banda cristã?

Eduardo A. Teixeira: O papo furado de que vão "fechar as oportunidades" para eles. Sabe o que fez eu terminar o Thimoteos? E eu não comento para não queimar os caras? Eu comecei a pregar no bar, uns dois minutos, sem bíblia mesmo, e um dos caras cutucou minhas costas para parar, foi a gota d'água. Eu hoje sou claro pra qualquer um.
Na vez que eu comecei a ficar dissimulado também, eu e o Bento começamos a nos desviar da missão, porque aquele ambiente começa a subir na sua cabeça e a te iludir; Nego agitando no seu som, comprando sua demo e outras coisas mais... Começou de membros de algumas formações da banda a usar drogas e fazer sexo nos banheiros de onde nos apresentava-mos com minas que se encontravam no local.

Pregador Zine: Você acha que pra tocar no secular a banda deve ter um preparo espiritual, ou amadurecimento na fé antes, coisa que pode ter faltado a vocês?

Eduardo A. Teixeira: Prefiro o termo amadurecimento. E o amadurecimento está em afirmar que você está em Jesus e não negar sua fé MESMOOOOO!!, e deixar claro pra quem te convida para o evento, quem você é. Já bati nas ideias até de pastor pra ele saber com quem ele está lidando.

Pregador Zine: Cara, como você acha que deve ser a postura de uma banda, de um front-man em um evento secular, será que ele deve adotar uma postura imparcial, diplomática, ou deve falar abertamente respeito de Jesus?

Eduardo A. Teixeira: Bom, cara. Eu acho que ele deve ser claro em tudo. As vezes, a diplomacia é fazer a vontade do diabo. Eu já pequei por dissimulação. A diplomacia ali não tava me fazendo bem, mas eu dissimulado, ficava dando risadinha pra tudo; pra comunistinha de merda tirando sarro de Deus, pra cara fumando um e dizendo pra você que aquilo é a melhor coisa e eu na "diplomacia" calado. Aprendi que Merda não deve ser respeitada!

Pregador Zine: Nos eventos onde estão bandas cristãs e seculares, algumas bandas não-cristãs falam mau de Deus e apoiam a ideia do rock ser de fato do diabo e isso parece ser normal, mas se a banda cristã sacar da bíblia para ler ali no show, observo muita gente sair e até mesmo xingar a banda. Por que isso acontece na sua opinião?

Eduardo A. Teixeira: Porque são uns intolerantes que querem combater a intolerância com intolerância, mas aprendi, em Cristo, que os primeiros cristãos foram sacrificados. Não é um bando de from hellzinho de merda que vai me matar.
Há 20 anos atrás, em São Paulo, era a mesma coisa.. os punks iam atrás dos cristãos para bater, e lá choravam.
Um dia, o Batista tava pregando e uma mulher levantou-se e foi até ele para ataca-lo, ele só levantou a mão e ela caiu no chão.
Se vocês não conseguem fazer o evento junto dos caras, se juntem a irmãos de fé e façam o evento no covil dos caras.
Um dia, um moleque veio querer falar mal de Deus pra mim, eu colei ele e ele "arregou". É esses bostas que ficam curtindo satanás, eu não ia bater nele, mas chamei ele pra ideia forte e eu sou gigante, ele mirradinho,depois, ele disse que eu pregando balançou ele. Então, o negócio é mais amadurecimento, na minha opinião.

Pregador Zine: É você quem realiza o festival METAL ATTACK próximo ao final do ano ai no Maranhão?

Andryson Khabod: Isso mesmo, no final do ano tem o METAL ATTACK.

Pregador Zine: Como é visto pelo pessoal que curte metal do lado dito secular, eles costumam comparecer, ou boicotam geral?

Andryson Khabod: Cara tem uma galera que vai, outra que não também, saca? Quem é radical ao extremo não vai mesmo, já outros que querem ouvir um som bacana, aparecem sim.

Pregador Zine: Em sua opinião existem White metal, ou tudo é metal  e apenas as bandas falam do que vivem de suas ideologias, do que acreditam?

Andryson Khabod: Em minha opinião os seres humanos tendem a rotular tudo o que podem... Principalmente na música e no caso extremo como o metal!
O termo White Metal foi criado nos anos 80 para diferenciar o Stryper do Venom, simplesmente isso...eu acredito que tudo é rock/metal, o que vai diferenciar é a vida de cada membro e a postura que a banda exerce perante o cotidiano.

Pregador Zine:Como é a relação da Zurizadai com a cena secular, vocês costumam dividir palco com bandas seculares? Como é esse convívio?

Andryson Khabod: Aqui mano, a gente sempre, quando pode, toca em locais com bandas e público secular, mas existe um pouco de radicalismo em relação a banda, muitos pensam que vamos "catequizar" ou tornar o show em um culto, muitos torcem contra a gente aqui, porém não temos nada contra ninguém e banda alguma secular, pelo contrário, respeitamos todo e qualquer tipo de banda!

Pregador Zine: Você acha possível juntar bandas com temática cristã e bandas que falam de política, satanismo, ateísmo e outros temas em um mesmo palco?

Andryson Khabod: Eu acredito que o palco é livre... Dentro da arte, deve haver respeito, por mais que determinada doutrina/filosofia não me agrade, por exemplo, terei que respeitar o próximo. Como poderei ser cristão sem amar o meu próximo? Sim eu acredito que é possível, vai do público aceitar o que está sendo enfatizado!

Pregador Zine: Qual o perfil da banda que é intolerante com bandas que são opostas ao que eles acreditam. Existe um estilo mais intolerante que outro dentro do metal, ou depende muito mais das bandas e de seus membros do que de estilos em si?

Andryson Khabod: Eu acredito que varia da personalidade de cada um, por exemplo; converso com várias pessoas que são adeptas de diferentes crenças: satanistas, agnósticos, espíritas, cristãos... Posso encontrar pessoas no ateísmo que são extremamente afetuosas, satanistas que prezam por uma amizade sincera, espíritas caridosos e cristãos muito radicais, e vice versa! Porém o perfil de uma banda intolerante é aquela que julga uma banda cristã sem realmente conhecê-la, até mesmo acusam de banda "ruim" sem ouvir o som. Infelizmente quando se trata de bandas cristãs existe certo desconforto por parte de alguns, porém isso tende a ser quebrado...

Pregador Zine: Qual sua opinião sobre bandas cristãs que escondem, ou até mesmo deixam de se intitularem bandas cristãs com medo, talvez, de não ter espaço para poder tocar?

Andryson Khabod: Eu acho uma atitude medíocre! Quando uma banda tende a ganhar seu espaço ela é verdadeira em todas as suas questões. Uma postura dessa é digna de repúdio! Eu realmente não respeito bandas que se escondem atrás de máscaras ou de inverdades, independente do credo, a sinceridade é tido como algo predominante em sua filosofia de vida. No caso de deixarem de serem intitulada bandas cristãs isso é algo particular numa carreira, porém sou bem claro, essa é a minha opinião, respeitarei qualquer outra opinião contrária, Zurisadai nunca ia deixar sua fé pra agradar a terceiros!

Pregador Zine:Com sua vivencia dentro da cena, você acredita que a rejeição tem diminuído? Qual perspectiva futura para essa possível união e respeito por parte das bandas seculares, poderemos um dia te-la, ou você acha que é algo utópico?

Andryson Khabod: Ainda existe muito radicalismo aqui no Brasil, porque na Europa e em outros países a tendência é essa barreira ser quebrada. A perspectiva pro futuro aqui em nosso país não é das melhores cara, ainda há muita rejeição pelas bandas, pela mídia e por um seleto grupo de fãs de metal, porém andamos contra a maré, eu acredito que um trabalho com temática cristã quando é feito seriamente pode render bons frutos.



"Porque, qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos."  (Lucas 9 : 26)

Agradecimentos:

Andryson Khabod
Baixista e vocalista da banda Zurisadai
Eduardo A. Teixeira
Vocalista da banda No More Zombies Rock, editor do blog Cristo suburbano



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